sábado, 13 de abril de 2013

Família e escola: parceiras na formação do sujeito aprendiz




Isabel Parolin *
Fonte: MUNDO JOVEM 

O diálogo entre família e escola tem sido tema de muitos debates educacionais nos últimos anos. Todos nós, de certa forma, já refletimos sobre de quem é a responsabilidade de educar as crianças e os jovens. 

De quem é a tarefa de educar as crianças e os jovens, hoje?

Realmente há uma grande dúvida, porque as famílias, a comunidade de um modo geral, imaginam que só se aprende na escola. Isso é uma crença enganosa. Na escola nós aprendemos, sem dúvida alguma, mas não é só lá que isso acontece. Costuma-se dizer que é um espaço privilegiado para se aprender. No entanto aprende-se de uma forma diferente do que se aprende na família. Quando se coloca um filho na escola, ainda que lá seja um espaço para aprendizagem, não se pode achar que ele vai aprender tudo ou que a escola conseguirá ensinar tudo que ele precisa aprender para bem viver. Por exemplo, a escola também ensina valores e algumas coisas que a família ensina, porém de forma diferente, com encaminhamento diferente e uma pontuação diferente. A família precisa ser educadora, ensinar seu filho, porque é ela quem constitui o sujeito, a pessoa, a forma de ele entender o mundo, de ler o mundo. Isso tudo é fruto da qualidade da relação que ele tem com a família. 

São responsabilidades que se complementam?

Sim, são complementares. As famílias, erroneamente, transferem para a escola responsabilidades que são suas. Por exemplo, a respeito da forma de se alimentar há uma queixa grande por parte das mães. A escola pode oferecer um lanche balanceado, mas, para que a criança aprenda de verdade, ela precisa saber do valor de uma nutrição adequada. Ela vai aprender na escola a diferenciar a hortaliça da verdura etc., mas quando chegar em casa precisa que a família faça isso para que ela tenha esses conceitos como verdade. E é isso que muitas vezes não acontece na relação família e escola. Existe uma transferência de tarefas, e assim a validação fica difícil. O exemplo é fundamental na aprendizagem. Quando isso não acontece, o discurso fica vazio. Por isso é que os pais queixam-se: "Eu digo, mas ele não faz!". Outro exemplo é com relação à lição de casa. A lição de casa é do aluno. O que os pais precisam é ter uma rotina em casa para valorizar a tarefa do filho. Existem pais que dizem o seguinte: "A escola passa lição para casa, mas eu trabalho o dia inteiro, como é que vai ser?" Não tem problema algum. É só desenvolver uma rotina adequada, hábitos adequados, ensinar para o filho que a responsabilidade de fazer a lição é dele e que depois a professora corrige. A construção do sujeito é da família, e a construção do aprendiz é da escola.

(Leia a íntegra da entrevista em MUNDO JOVEM.)


*psicopedagoga, autora de diversos livros e consultora institucional, Curitiba, PR.

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